quarta-feira, 11 de março de 2009

COMO É A IMAGINAÇÃO POETAL

Com certeza, existe uma dúvida que sempre domina a cabeça de quem lê uma poesia, que diz respeito à veracidade ou não do texto, se é apenas fantasia ou algo vivido. Assim, ao lermos uma poesia de amor, logo julgamos que quem a escreveu, está apaixonado, e a está dedicando a alguém a quem ama muito. Sempre procuramos ligar a poesia a um personagem real, e invariavelmente encontramos a musa ou muso a quem ela é dedicada.



Dificilmente atribuímos aquelas lindas palavras à imaginação poetal de quem escreveu.



Então se suas poesias falam de amor sensual, quem as escreve surge a nossos olhos como alguém que conhece todas as artes do amor, e que conhece mil leitos de amor. E que todas as cenas de amor que escreve, são aventuras realmente vividas.

Esquecemo-nos de louvar o talento criativo do autor. Sua imaginação sempre fértil, que pode criar as mais sensuais situações, e que ao invés de ser um amante insaciável, é simplesmente alguém que gosta de escrever, e que vai buscar em seu imaginário todas aquelas cenas de paixão ardente, que podem ser apenas fantasias que deseje realizar.



De mesma forma quem escreve poemas amargos, relatando tristezas da vida, pode ser alguém cuja imaginação trabalha nesse sentido, não obstante o que, pode ser uma pessoa feliz.



Palavras de um poeta, colhidas por meu guru L’Inconnu:

"Pois nossa imaginação faz trabalhar a imaginação de quem lê, que sempre fica imaginando que as situações e os amores criados em nossa imaginação não são imaginados... São reais. Imagine só como seria se fossem reais todas as cenas de amor que já descrevi... Haja imaginação..."



Na realidade, falando sobre imaginação, nós poetas, não seríamos nada sem te-la bem fértil na maioria das vezes, mas sempre falamos do amor, da amizade ou de coisas que são belas e que gostaríamos que pudessem ser reais, e é evidente que podemos sempre levar a nossa imaginação para o lado bom, de sonhos que podem ser realizados...



O que se pode afirmar contudo, é que a imaginação poetal reflete a alma do poeta, e não necessariamente sua vida pessoal. Nem sempre aquele que escreve sobre amor é um grande amante. Nem sempre aquele que exalta a felicidade e a alegria da vida é uma pessoa feliz. Nem sempre aquele que escreve sobre loucuras da vida é um insano. Nem sempre aquele que fala muito de tristezas, de dramas da vida, é uma pessoa triste e infeliz. Nem sempre aquele que escreve sobre dor de cotovelo é um desencantado da vida, pode ser uma pessoa muito feliz. Como também aquele que escreve sobre a Natureza e suas belezas pode ser um chamado “rato de arranha-céu”. Vai lá saber. E haja inspiração...



É o interior do poeta que fala. É sua alma, e sua criatividade. Ele cria as situações, e seu grande mérito reside no fato de que suas palavras conseguem trabalhar o imaginário dos leitores, levando-os a sentir como reais fossem todas aquelas palavras, chegando mesmo a sentir que são a si destinadas. E não deixam de sê-lo. É a imaginação poetal, despertando a imaginação “leitoral”.



Mas é claro que muitas vezes não é apenas a imaginação. Claro que existem musas e musos.



Claro que existem situações vividas. E é exatamente aí o gostoso da coisa toda. Onde estará apenas a imaginação poetal? Onde estará sua vida sendo contada? A quem tal poesia será dedicada? A mim? A você?



E nesse imaginário conflito de imaginações, vamos trabalhar nossa imaginação, imaginando para nós UM LINDO DIA.

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