quinta-feira, 12 de março de 2009

DERRADEIRO PRAZER

Sentada, numa velha ponte de madeira,
sentindo a mansidão do mar, no seu ir
e vir, constante e sempre igual,
escutas, vindo não se sabe bem de onde,
o apelo das águas, solicitando-te, que
te decidas, por mergulhar os teus pés
descalços, nos azuis-claros do mar, logo ali.


Das primeiras coisas que acabas por notar,
é o de que as águas se mostram quentes e
convidativas, como que te dizendo, para
nelas entrares, de corpo inteiro. Enquanto
a horizonte, o vermelho impera, e, o sol,
ao longe, brilha em toda a sua exuberância,
deixando no ar, visíveis, ondas de calor.


A tudo isto atenção prestando, distraída, por
entre uma beleza, indo de onde a onde, teu
olhar alcançar podia então, encostando-te,
à relativa segurança, da velha ponte, ruivos
os teu cabelos, com certa vaidade, resolveste
escová-los, até alcançarem a tua cintura, presa,
esta última, por uma cinta refinada de escarlate.


Agora sim, estavas pronta para realizar, o mais
do teu secreto desejo. E lentamente, pousando
as tuas roupas, em cima de um saco de veludo,
em graciosidade foste te preparando, olhando,
aqui e ali, certificando-te, de que estavas a sós.
E foi então, que num repente, te lançaste ao mar,
sereia em seu ambiente, nadando e cantando.

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