terça-feira, 17 de março de 2009

ESTA LÁGRIMA

Esta lágrima arredia

que por mais que o tempo passe

não se permite o abismo,

prisioneira do segredo,

cristalizada em meus medos,

não revela sua origem

e sequer a que veio.



Esta lágrima estranha,

entalada no canto do olho esquerdo,

não me permite o sossego,

vive da minha inquietude

e fez do poeta um louco,

que de tropeço em tropeço

cresceu além de si mesmo.



Esta lágrima solitária,

maldita benção dos deuses,

recusou revelar-se em versos,

envolveu o poeta em teias,

e fez dele um homem mais forte,

capaz de resistir ao veneno

e a sobreviver a dor de não ser.



Esta lágrima que eu tenho,

incapaz de ser água que role

pela face de um homem que colhe

tantas outras lágrimas que choram

na forma de palavras sementes,

é a magia que eu trago latente,

poema que eu não saberia escrever.

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